A análise de dados que previu o novo Papa
O último dia 08/05/2025 foi marcado pela escolha de Robert Francis Prevost como o novo Papa Leão XIV.
Poucos dias antes, surgiu um artigo intitulado:
Como a ciência de redes pode nos ajudar a entender quem será o próximo Papa.
O objetivo do estudo de Soda, Iorio, and Rizzo era tentar mapear quem poderia ser o novo Papa, tendo em vista os cerca de 135 candidatos dentro do conclave (cardeais com poder de voto).
Em resumo, obtiveram os nomes de todos e os mapearam, procurando entender a relação entre eles.
Com isso, compilaram a proximidade de relação de amizade, de ministério e de trabalho. Esse último, identificando quem trabalha com quem, por força de um cargo no Vaticano. Os que tinham contatos com maior quantidade de cardeais e, também, com os mais proeminentes, ganhavam um bônus: “Status”.
Além disso, o método adicionou um fator da idade, com base no histórico dos Papas anteriores desde 1800.
O resultado do trabalho você vê na imagem abaixo, círculos maiores, maior pontuação:

Mapeamento dos cardeais do conclave
As listas dos favoritos foram estas:
Top 5 por status
- Robert Prevost (moderado, EUA)
- Lazzaro You Heung-sik (liberal moderado, Coreia do Sul)
- Arthur Roche (liberal, Reino Unido)
- Jean-Marc Aveline (liberal suave, França)
- Claudio Gugerotti (liberal moderado, Itália)
Top 5 para Controle de Informações
- Anders Arborelius (conservador suave, Suécia)
- Pietro Parolin (liberal, Itália)
- Víctor Fernández (liberal, Argentina)
- Gérald Lacroix (moderado, Canadá)
- Joseph Tobin (liberal, EUA)
Top 5 para Capacidade de Construção de Coalizões
- Luis Antonio Tagle (liberal suave, Filipinas)
- Ángel Fernández Artime (liberal suave, Espanha)
- Gérald Lacroix (moderado, Canadá)
- Fridolin Besungu (conservador brando, Congo)
- Sérgio da Rocha (liberal suave, Brasil)
O que isso significa, então?
Alguns dirão:
Está vendo, a escolha é feita pelos homens.
Outros dirão:
Não há interferência divina como querem que acreditemos.
Bom, me sinto bem à vontade para falar, tendo em vista que sou um católico e estou bem familiarizado com o tema.
Quanto ao estudo, podemos dizer que foi muito bem realizado, considerando que na hipótese de “Status” acertou “na mosca”. Bem diferente do caso do Polvo Paul, da Copa de África (lembra?), que acertava sem qualquer método.
Por outro lado, vimos que “controlar a informação” ou a “capacidade política para colisões” não foi um fator decisivo.
Poderíamos então concluir que a relação entre os cardeais pode influir na decisão do colegiado, o que parece bastante razoável. Contudo, a centralidade de poder e capacidades para colisões não deram nenhum resultado.
Mas como responder às questões colocadas?
Achamos que tudo se resolve ali no conclave em 2 dias, mas não é assim nem em votações escolares. Esses cardeais estão caminhando juntos desde sempre. A Igreja é inspirada por Deus, mas conduzida por homens. Nada mais natural que a relação entre eles tenha um papel fundamental.
Talvez tenhamos achado que Deus iria contar os votos, dando a solução em 2 dias. Talvez Ele já estivesse trabalhando há vários anos, para os homens chegarem à decisão que Ele queria.
